7. Plataformas Colaborativas

O que são?

As plataformas colaborativas online ligam investigadores geograficamente dispersos possibilitando uma cooperação sem interrupções, a partilha de objetos de investigação bem como de ideias e experiências. As plataformas colaborativas são habitualmente serviços online que disponibilizam um ambiente virtual a partir do qual várias pessoas podem ligar-se e trabalhar na mesma tarefa simultaneamente. Variam desde amplos Ambientes Virtuais de Investigação (AVI) que englobam uma série de ferramentas para facilitar a partilha e a colaboração, por exemplo fóruns ou wikis, alojamento de documentos colaborativos e ferramentas para análise ou visualização de dados e ferramentas disciplinares que permitem aos investigadores trabalharem em conjunto em tempo real sobre aspetos específicos da investigação (como escrita ou análise).

Fundamentação

A investigação colaborativa tem vindo a crescer exponencialmente, tornando-se as equipas mais interdisciplinares à medida que os investigadores trabalham cada vez mais em consórcios internacionais e interdisciplinares que possibilitam uma multiplicidade de perspetivas para questões de investigação específicas. Promover a investigação colaborativa nacional e internacional é, cada vez mais, uma prioridade das entidades financiadoras. Podemos encontrá-la, por exemplo, no centro da estratégia do Comissário da CE para a investigação, Carlos Moedas: “Ciência Aberta, Inovação aberta, abertas ao mundo”[REF]

Os Ambientes Virtuais de Investigação (AVI) e as plataformas colaborativas possibilitam a colaboração entre diferentes continentes, fusos horários e disciplinas. Neste módulo irá conhecer as plataformas colaborativas disponíveis e de como podem melhorar significativamente os workflows de investigação.

Objetivos de aprendizagem

  1. Saber quais são os principais tipos de plataformas colaborativas disponíveis e quais são as aplicações que cada uma pode ter.

  2. Conhecer as vantagens destes sistemas.

  3. Identificar possíveis deficiências de colaboração através dessas plataformas e como superá-las.

Componentes chave

Conhecimentos e competências

Ambientes Virtuais de Investigação (AVI)

Os Ambientes Virtuais de Investigação têm sido definidos como “ambientes inovadores, dinâmicos e ubíquos onde cientistas geograficamente dispersos podem aceder a dados, software e recursos de processamento geridos por diversos sistemas em diferentes domínios de administração, através do seu browser” (Candela, Castelli and Pagano, 2013).

Um aspeto importante é a natureza disciplinar de muitas destas ferramentas. A Comissão Europeia financiou uma série de AVI específicos para cada comunidade no âmbito da e-Infraestrutura, de modo a permitir aos investigadores executar de forma colaborativa tarefas complexas, como a integração de dados heterogéneos de múltiplas fontes, modelação, simulação, exploração, mineração e visualização de dados:

  • VI-SEEM - Ambiente virtual de investigação para comunidades interdisciplinares regionais do sudoeste da Europa e do Mediterrâneo oriental

  • MuG - Complexo Genomico Multi-escala

  • OpenDreamKit - Toolkit para um ambiente digital aberto de investigação para o avanço da matemática

  • BlueBRIDGE - Construção de ambientes de investigação para fomentar a inovação, a tomada de decisão, governação e educação para apoiar o Crescimento Azul)

  • VRE4EIC - Ambiente virtual de investigação interoperável europeu para capacitar as comunidades multidisciplinares de investigação e acelerar a inovação e a colaboração

  • West-Life - E-infraestrutura global para a biologia estrutural

Algumas bibliotecas já oferecem AVI personalizados para projetos específicos. Por exemplo, a Leiden University library oferece AVI para todos os projetos externos financiados com mais de cinco pessoas.

Uma plataforma colaborativa especialmente importante no contexto da Ciência Aberta é a Open Science Framework (OSF). Baseada em tecnologias de código aberto e criada sem fins lucrativos pelo Center for Open Science assume-se como “uma comunidade académica para ligar todo o ciclo de investigação”. O OSF permite que os investigadores trabalhem em projetos de forma privada com um número limitado de colaboradores e tornem o seu projeto público, em parte ou no seu todo. Isto liga-se diretamente com outros sistemas colaborativos como Dropbox, GitHub e Google Docs, e pode ser usada para armazenar e arquivar dados de investigação, protocolos e materiais.

Plataformas de escrita colaborativa

Na atual cultura de investigação dominante de "publicar ou perecer", a escrita é uma tarefa central na vida dos investigadores. Várias ferramentas e plataformas online permitem que os investigadores trabalhem juntos em tempo real em documentos, evitando assim a confusão de trocas de e-mails de versões de documentos Word de um lado para o outro. Exemplos destas plataformas são Overleaf, Authorea, Fidus Writer, ShareLaTeX e Google Docs. De notar que muitas dessas ferramentas são baseadas em tecnologias proprietárias e algumas exigem pagamento para funcionalidades avançadas.

Descoberta e gestão de referências

Existem muitas ferramentas que permitem armazenar e gerir referências em grupo. Exemplos disso são Zotero, Citavi e CiteUlike. O Mendeley incorpora um gestor de referências partilhável, bem como uma rede social e ferramentas de visualização de artigos. De forma semelhante, o BibSonomy permite que investigadores partilhem marcadores e listas de literatura.

Anotação e revisão

O poder da Web permite novos modos de revisão colaborativa pós-publicação através de serviços como PubPeer e Academic Karma, bem como ferramentas de anotações como Hypothes.is e PaperHive.

Redes sociais académicas

Os investigadores há muito que usam a Web para estabelecerem as suas redes - quer através de redes sociais mais comuns como o Twitter, Facebook e Linkedin, quer de redes dedicadas, como as redes sociais académicas ResearchGate, Academia.edu e Loop.

Questões, obstáculos e equívocos comuns

Q: “Porque é que devo adicionar outra camada de complexidade ao meu processo de colaboração? A partilha do arquivo doc é suficiente!"

R: Não é correto ver as coisas desta forma. Embora possa parecer que está a introduzir ferramentas e plataformas adicionais na sua abordagem de trabalho habitual, na realidade está a resolver problemas de comunicação de que provavelmente não estaría cientes. Por exemplo, usando apenas um arquivo doc (com ou sem registo de alterações), mostra apenas o nível mais elevado de informação e, geralmente, apenas no final de todo o processo científico. Trabalhar no contexto de um ambiente colaborativo, desde o desenho da investigação até ao relatório, estabelece tanto uma comunicação clara quanto uma proveniência adequada.

Resultados de aprendizagem

  1. O investigador ficará familiarizado com a série de opções disponíveis para apoiar uma investigação mais colaborativa.

  2. Após decidir o que funciona de maneira ideal no seu fluxo de trabalho, o investigador poderá usar ferramentas colaborativas, como o GitHub e o Open Science Framework, para melhorar a colaboração no processo de investigação, escrita / autoria e partilha de resultados de investigação.

  3. O investigador poderá colaborar com colegas para escrever documentos de forma colaborativa, anotar artigos e partilhar essa discussão.

Leituras adicionais

  • Candela et al. (2013). Virtual Research Environments: An Overview and a Research Agenda. Data Science Journal. 12, pp.GRDI75–GRDI81. doi.org/10.2481/dsj.GRDI-013

  • Open Science Framework. The promise of Open Science collaboration. osf.io

  • Voss and Procter (2009). Virtual research environments in scholarly work and communications, Library Hi Tech, Vol. 27 Issue: 2, pp.174-190. doi.org/10.1108/07378830910968146

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